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domingo, 15 de outubro de 2006

O adeus ao velho slogan petista denominado "desprivatização do Estado "

Na época da disputa contra Collor o discurso privatista estava em alta. Ainda não era de todo o que a população aprovava, mas era, sim, um discurso que estava na boca de crescente maioria. Afif Domingos, que também era candidato, em um determinado momento chegou até a crescer nas pesquisas quando enfatizou o privatismo. Após a eleição de Collor e nos anos subseqüentes o discurso privatista realmente ganhou a opinião pública mundial. No Brasil, acompanhamos tal discurso. E, de fato, privatizamos algumas coisas.

O PT, naquelas eleições contra Collor, tinha uma plataforma eleitoralmente difícil de ganhar o entendimento da população, mas era uma plataforma basicamente correta, se considerarmos os objetivos programáticos e ideológicos do partido. O PT dizia em seu programa que aquilo que queria não era a estatização, mas era a "desprivatização do Estado". Entendia o PT, então, que o Estado não estava nas mãos dos interesses públicos, que ele estava privatizado, nas mãos de grupos, e que a questão era a de ampliar o controle público sobre as empresas estatais ? isto não implicava necessariamente em estatização. O debate "privatização versus estatização" era, para o PT, algo do passado. O PT chegou mesmo a dizer que a questão da nacionalização e/ou estatização era algo de uma velha esquerda, que estaria abrigada sob as asas de Leonel Brizola, do PDT. De fato, isso era verdade.

Nos anos subseqüentes o PT foi mudando seu discurso. Aprendeu com os Chomsky da vida e outros de uma parte da esquerda internacional, cuja cultura é bem menor que a ideologia e a vontade de aparecer, que a questão da "desprivatização do Estado" não conquistava ninguém, e que o melhor era voltar ao debate "estatização versus privatização". Foi a época, então, que o discurso teórico do PT caiu do nível. Sem qualquer noção do significado do que estavam dizendo ao falar em "globalização" e "neoliberalismo", trataram de propagar como palavrões esses dois termos. Os petistas não entendiam o que estavam dizendo, mas tinham aprendido com alguns a gritar esses nomes como xingamentos e foram em frente, falando frases sem nexo. Chamaram FHC de "neoliberal", mesmo depois do plano econômico de FHC, visivelmente intervencionista na economia e na sociedade e, portanto, nem liberal nem "neoliberal". Passaram a promover aqueles "fóruns sociais" e por lá compraram livros de picaretas
nacionais e internacionais de uma esquerda carcomida, e então recitavam em coro: "FHC é neoliberal". Fernando Henrique tentou mostrar que eles estavam conceitualmente errados, mas desistiu. Percebeu que tinha de governar e deixar aquele tipo de conversa de lado, uma vez que os interlocutores ? os Chauí, Frei Beto e Boff da vida ? eram muito fracos e não sabiam o que estavam dizendo.

A confusão foi tamanha que logo o PSOL e outros grupelhos, cujo esclarecimento é bem pior do que o do Zé Dirceu, começou a chamar Lula de "neoliberal". Talvez eles estivessem querendo dizer, com isso, que Lula deveria ter reestatizado tudo que foi privatizado por FHC. Sabe-se lá o que o pessoal do PSOL estava querendo dizer! E é bom nem tentar entender. Perda de tempo.

Chegamos então à campanha de 2006. Agora, não há mais nem sombra do PT que um dia falou em "desprivatização do Estado". Simplesmente o PT, hoje, apenas acusa o PSDB de ser privatista, pois agora a onda mundial de ser a favor da privatização já passou (tanto já passou que Alckmin fica desesperado, branco de medo, quando dizem que ele vai privatizar a Petrobrás). Ao mesmo tempo, o PT acredita que seu aparelhamento da máquina pública e do Estado não é a privatização do Estado, que ele acusava no passado de ser feito pelos partidos "das elites" e dos "patrões". Ou melhor, o PT não pode mais falar em "desprivatização do Estado". Não fala não só porque perdeu quadros intelectuais que poderiam explicar do que se tratava tal slogan, mas também porque agora o PT é o herói da privatização do Estado. Ele fez de toda a máquina pública um lugar de posse do partido. Mesmo após os escândalos de 2005 e, agora, de 2006, o PT continua com seus quadros em todos os escalões e mantém o
funcionalismo estatal sob rédea curta, obrigando todos a se transformarem em militantes do PT. Assim, não pode tocar no assunto, pois em casa de ferreiro o espeto é de pau.

O PT não tem mais militantes espontâneos. Todos são pagos. Só que não são pagos, mais, com o dinheiro de deputados e senadores ou com dinheiro de corrupção. São pagos com salários. Os salários do funcionalismo público. Sim, agora é isso mesmo. Recentemente, o PT pressionou todos os reitores das universidades federais a aderirem mais abertamente à campanha de Lula. Em outros setores estatais isso já vinha ocorrendo. Além disso, o PT acena para professores ? principalmente os da lista de apoio a Lula ? com novos cargos no próximo governo. Não se trata mais da velha negociata em troca de apoio, se trata da venda individual de cargos públicos. É o arcaico do arcaico na política brasileira. Pois é a volta do coronelismo puro e simples, onde o político vende o cargo público individualmente, para cada eleitor. É a maior privatização do Estado que já assisti em 25 anos da nossa jovem democracia.

Esse é o PT de hoje. Não dá para esconder a profunda decepção com essa gente. Não dá para sentir nojo.

Paulo Ghiraldelli Jr. "O filósofo da cidade de São Paulo".
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Paulo Ghiraldelli Jr.
O Filósofo da Cidade
de São Paulo
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Um comentário:

Anônimo disse...

Não dá para não sentir nojo!