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quinta-feira, 7 de abril de 2011

SERÁ MESMO "SEM PRECEDENTES" esses onze estudantes morrerem na escola??

 Segundo reportagem na webpage da editora abril "guiadoestudante" "Haddad disse que hoje é um dia de luto para a educação brasileira e que essa é uma tragédia sem precedentes." 


(leia na íntegra clicando nesse link)
 Onze estudantes morrem em tragédia dentro de escola do Rio de Janeiro - Guia do Estudante 

"SEM PRECEDENTES"??

Será que nunca aconteceu antes?
Muitas escolas, como a EMDO, onde dei aulas, não tiveram vários alunos exterminados pela guerra do trafico?
Essas tragédias não poderiam ter sido evitadas com a atuação efetiva de outros profissionais preparados para previnir,  interferir e agir nesses casos?
Por que deixam para as Escolas e seus professores enfrentar essas situações diariamente ?!
O que são as escolas hoje que andam importando e exportando violência ??
Onde estava o segurança da Escola Municipal Tasso da Silveira? Há seguranças nessa Escola?!
Por que as modernas diretrizes pedagógicas também fracassam e até agravam  problemas que os modelos tradicionais e tecnicistas não enfrentavam?

É SIMPLES! Por que insistimos em gastar menos de um salário mínimo para educar um aluno, quando pagamos mais de dois mil reais para manter um condenado em pocilgas e em "escolas do crime"  preparando-os eficientemente para nos roubar e matar. Além disso, ainda sustentamos as famílias desses condenados! Gastamos, por exemplo, enormes quantias para manter um sistema judiciário lerdo e dispendioso e muito pouco com o ensino nas escolas. Falta dinheiro para aparelhá-las com profissionais que poderiam lidar com a diversidade de problemas a que atualmente estão expostas: seguranças, assistentes sociais, psicólogos, profissionais da saúde, entre outras especialidades. O dinheiro para contratá-los não aparece porque muitos dos nossos gerentes públicos são e ou estão submetidos ao desmandos e interesses de corruptos e corruptores.
Corruptos e corruptores (de forma curta e didática) são uma espécie sofisticada de bandidos que se apropriam de cargos públicos e, como PILATUS, embolsam a grana dos impostos que pagamos com a melhor das intenções, se lavam e enxugam  neles para, em seguida deixar correr todo tipo de estupidez e insanidade com a coisa pública. Depois de manifestada uma tragédia como a da escola do Rio, mais que anunciada, ficam se lamentando horrorizados e aparentemente indignados: "Oh! "SEM PRECEDENTES!" "Como poderia ter acontecido isso?!" "Quem poderia prever?!".

Claro que é "sem precedentes", novidade alguma, não dá pra se prever porque, do jeito que os governos vão levando as escolas, só tende acontecer, a cada novo fato, coisa pior mesmo!!! Esses massacres só acontecem porque, para a dimensão do problema, muito pouco está sendo feito!!!! Não há interesse político e público de se fazer algo acertado e suficiente para solucionar problemas cabeludos que deixam para que nossas escolas resolvam. Os problemas que geram essas calamidades não são resolvidos  porque fazer isso é complexo e dispendioso!!!! Estamos tapando o sol com a peneira e enxugando enchente com pano-de-chão. As escolas são essas peneiras e panos sujos que estão servindo de material de propaganda enganosa e de assistência social barata. Agora são até ALVO PREFERENCIAL da imbecilidade social!!!! As escolas não têm mais espaço para educar e ensinar. Educar está fora de moda! Os alunos já aprendem a ser civilizados e adquirem os conhecimentos necessários para exercer sua cidadania por osmose, na vida e pela Internet, graças às Associações Comunitárias, ONGS e Redes Sociais!!!! São esses, em resumo, os argumentos que sustentam as tais novas "dEreItrizes" pedagógicas, uma maneira de deixar a educação algo bem barato e BEM AMPLO!!! O professores, por outro lado, são uns inúteis alienados que só impingem aos alunos, em cuspe e giz, seu "conteudismo" anacrônico!!!

Como exemplo dessas dEreItrizes "pernalongas", temos escolas ditas Integrais que enfiam o aluno que mal cabe num turno em outro turno e vice-versa, abarrotando as escolas que já carecem de espaço físico e lidam sozinhas com uma rebeldia incentivada por nossos gerentes e modelos midiáticos e reproduzida por um sistema social suicida.

Nem pais, nem a sociedade e muito menos a escola educam mais!! Com que exemplos?!!! Quem está "se dando bem"? E muito bem! Infinitamente melhor que nós professores e nossos alunos! Ou é uma BBB estúpida ou um jogador de futebol que pouco contribui com a sociedade para ter tamanho valor e ou um político analfabeto, palhaço de décima-quinta categoria (alijado numa suposta Comissão de Educação) e ou fichas sujas, frutos da politicagem e sorteio de cargos, tão mal preparados quanto o palhaço, que se lambuzam e se limpam com o dinheiro que nos salvaria dessas desgraças. Esses são os "modelos de vida e abnegação" em que os milhares de alunos órfãos que recebemos nas escolas se espelham. 

Vamos assim, deixando acontecer desastres "sem precedentes", soltando, elegendo e sustentando bandidos, estúpidos e fichas sujas "sem antecedentes" até que uns alucinados nos matem  "sem motivo aparente".

Esses "loucos" que agem em nome desses bandoleiros e assassinos de mãos limpas, são tomados pela mídia como ectoplasmas encarnados, incorporações do demônio, obras do acaso, aberrações da natureza, psicopatas e esquizofrênicos que foram um dia "pobres inocentes injustiçados e insanas vítimas sociais" que saem matando porque sofreram bullying nas escolas. Eles não são fruto da inépcia dos nossos gerentes?! Ninguém se responsabiliza por um acontecimentos desses?! Quem faz alguma coisa para evitar ou minimizar essa chacina tem que ser necessariamente um HERÓI ?! Se existe um HERÓI nessas situações, onde estão os COVARDES que se omitiram?!! Detrás dos gabinetes, é claro!!!

Nós professores poderíamos evitar essas tragédias se os gerentes visionários dessa revolucionária pedagogia deixassem, pelo menos, que cumpríssemos o dever de instruir e ensinar para que nossos alunos pudessem ter requisitos mínimos para buscarem suas próprias soluções e se tornarem cidadãos de bem. Assim, não seria necessário gastar tanto com justiça e com a proteção da sociedade.

No entanto, nesse premeditado e proposital caos social, nos tornamos, alunos e professores, meros futuros "presuntos" das manchetes desse bizarro merchandising  do governo. Antes, imprevisivelmente, e agora, muito oportunamente nos tornamos defuntos-propaganda. Nessas tragédias, ficamos estampados como astros de um fantástico Reality Show para que Suas Autoridades tenham uma grande oportunidade de se mostrarem indignadas, na sua imensa inércia e indolente compaixão.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

PROFESSORES, BASTA!?

Basta de fingir que não é conosco. O que vem acontecendo demonstra que estamos expostos à violência consentida pela sociedade.

A notícia de um espancamento, em Porto Alegre, da professora Jane de Leon Antunes, e do assassinato do professor Kássio Vinícius Castro, publicadas nesse blog e nos jornais, deveria ter provocado uma reação sem precedentes por parte da nossa classe de professores para alertar a sociedade e as autoridades e instituições.

Quando um aluno espanca uma professora desse modo ou mata outro, por motivo de uma "nota" ou outro motivo qualquer, dentro do edifício da instituição, e não vemos nem esboço de uma reação a altura, só notícias desencontradas e confusas, estamos professores e autoridades, autorizando, de forma implícita, a sociedade a agir desse modo conosco.
Quando o delegado não prende, nem de forma preventiva, esses monstros; quando a imprensa e a polícia trata o agressor e a vítima de forma igual, deixando margem para um possível desmentido da versão da vítima ou imputando-lhe alguma culpa; quando nossos sindicatos nem esboçam uma nota de desagravo e a própria vítima, coagida, se declara culpada por não ter sido preparada para lidar com esse tipo de violência, isso autoriza qualquer um a fazer conosco qualquer coisa, independentemente do cargo ou posto que ocupamos. Não importa se somos professores de escola pública ou particular, de nível fundamental, médio, técnico ou universitário, se diretor, coordenador, reitor ou ministro da educação. Evidentemente que quem toma pancada é quem lida diariamente e diretamente com alunos e pais deles.
Essa reação apática ao espancamento dessa professora e o recente assassinato, dentre inúmeros outros, sinaliza que somos uma classe que apenas insiste, mas já não existe, não se reconhece como tal. Temos, atualmente, menos direitos que muitas minorias um dia tiveram. Somos mais perseguidos, desautorizados e destituídos de poder que muitas minorias foram e são. Nosso papel social e nossa imagem vem se degradando de tal forma que creio estarmos em situação pior do que as prostitutas (Profissionais do sexo!), os viciados, os travestis, os mendigos e até os políticos. Ser professor, hoje, deve provocar vergonha e arrependimento e ser motivo até de confissão, como se sê-lo já fosse um pecado ou o reconhecimento de ter fracassado na vida.
Esse espancamento subrepticiamente autorizado e até, de certa forma, implicitamente comemorado pelo coletivo da sociedade como uma atitude legítima de resistência a uma classe retrógada, hipócrita e até ridícula, expressada, na sua forma mais extremada, com a violação explícita e violenta da integridade física de professores deveria ser tomado pela classe como motivo suficiente para uma parada geral, com manifestações públicas por pelo menos um dia.

Essa agressão não é só sintoma da violência generalizada em que vive mergulhada a nossa sociedade, ela é sintoma de que essa mesma sociedade está assim porque não nos autoriza, enquanto uma instância social, que tem o dever de promover os bons valores e ensinar as regras do convívio civilizado, os direitos e deveres do cidadão a serem observados e seguidos, a tomar medidas para que isso efetivamente aconteça. Dar uma nota é uma dessas formas de educar. Nos desautorizar a fazer isso, implícita ou explicitamente, a dar nota, avaliar, é nos destituir do único instrumento simbólico que nos legitima legalmente a cumprir nossa função. Há muitas instâncias, até demais, nas instituições educativas e em outras instâncias, por outros meios legais, de se contestar uma mísera nota. Vide a titica que virou esse episódio da diplomação do deputado Tiririca. Nada, absolutamente nada, justifica violentar ou constranger, dentro da própria instituição, implícita ou explicitamente, um professor por DEVER avaliar seu aluno.
Assistirmos a esse festival de agressões, a essa proposital desregulamentação da profissão e da classe, sendo mostrado como uma atração de circo, como mais um dos momentos bizarros de uma sociedade inexoravelmente estúpida, sem se perceber que a causa dessa violência está contextualizada às atitudes e costumes construídos em torno da atual imagem e legitimação do professor, é admitir que, enquanto uma classe, não existimos. Só somos lembrados em páginas policiais, em momentos episódicos em que, como zumbis, somos ressuscitados, retirados do anonimato, uma classe difusa, doente, mórbida, estúpida, amorfa, preconceituosa, mentirosa, asquerosa e esquisita, enfim, maldita e perfeitamente substituível, que a sociedade ainda não conseguiu se desvencilhar de todo. Por nos sentir assim e muitos dos nossos colegas avalizarem essa nossa imagem e condição, permiti-se que membros da nossa classe, como bovinos descartáveis na arena, como parte de um permitido ritual macabro, seja espancada, perseguida, até exterminada, como recentemente fizeram com os homossexuais em São Paulo. Nesse caso, houve comoção da sociedade, decididamente reproduzida pela imprensa. No nosso caso, estes episódios são considerados como "caso isolado". Mesmo que tenham acontecido dentro dos edifícios onde trabalhamos, são insistentemente descontextualizados pela mídia e autoridades, como um conflito de outra ordem. A conseqüência disso é que eles são esquecidos e arquivados sem que se esboce a menor reação.
Afinal, reagir é admitir que somos o que somos - uma classe marginalizada - uns mais e outros, nem tanto, mas como os vampiros, todos nós deixamos de ser capazes de nos enxergar diante do espelho. Quando aparecemos assassinados ou com nossos braços engessados e dentes quebrados estampados nas manchetes dos jornais, não conseguimos mais causar suficiente comoção na sociedade, como quando homossexuais são agredidos gratuitamente nas ruas e ou as crianças são estupradas e abusadas por pedófilos ou mesmo quando mendigos são queimados em praça pública. Não estamos em condição tão exposta e frágil quanto eles?

Esquecemos que a nossa profissão é de alto risco, pois trabalhamos em situação de grande estresse e ficamos muito expostos e frágeis nas escolas. Não podemos continuar a abrir mão do apoio e proteção social que a autoridades nos vem negando.

Aceitamos ser essa classe de "indigentes" que nos tornamos ou vamos, finalmente, fazer alguma coisa para mudar isso?!!!

Professor Woodson FC

PS. O presente artigo, a princípio publicado em 13/11/10 (11h11) foi revisado e modificado com objetivo de torná-lo mais claro e acrescentar o lamentável assassinato de nosso colega de profissão.