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domingo, 1 de fevereiro de 2009

A tecnologia nos deixa mais burros?

A tecnologia nos deixa mais burros?
Revisão de várias pesquisas sobre uso de videogames e computadores mostram que a capacidade de análise e reflexão decresce, mas há forte aumento de inteligência visual

Nir Elias/Reuters - 5/6/07 Estado de Minas

Utilização da internet na sala de aula prejudica capacidade de concentração e absorção da informação


Los Angeles – Desde que a tecnologia passou a desempenhar um papel mais importante na vida da população, as habilidades de pensamento crítico e análise diminuíram, ao mesmo tempo que nossa habilidade visual aumentou. A constatação foi feita pela pesquisa desenvolvida por Patricia Greenfield, professora de psicologia e diretora do Centro de Mídia Digital para Crianças da Universidade da Califórnia, Los Angeles (Ucla).

De acordo com Greenfield, o aprendizado mudou como resultado da exposição à tecnologia. O estudo, divulgado na revista Science, analisou mais de 50 trabalhos sobre aprendizado e tecnologia, incluindo pesquisas em tarefas múltiplas e uso de computadores, da internet e videogames. Para a professora, a leitura por prazer, que diminuiu entre pessoas jovens nas últimas décadas, aumenta a capacidade de reflexão e estimula a imaginação de uma maneira que a mídia visual não faz. Um dos princípios que nortearam a pesquisa foi a dúvida sobre quanto as escolas devem usar de novas mídias ou manter as técnicas tradicionais de leitura e discussão em sala de aula. “Nenhuma mídia é boa para tudo”, diz Greenfield. “Se quisermos desenvolver uma variedade de habilidades, temos que usar uma dieta balanceada de mídias. Cada meio tem custos e benefícios em termos de quais habilidades ele desenvolve”, explica.

FILMES A pesquisadora indica que as escolas devem se esforçar para aplicar testes nos estudantes usando meios visuais, como a utilização de apresentações em PowerPoint, por exemplo. “Como os estudantes estão gastando mais tempo com meios visuais e menos com impressos, métodos de avaliação que incluem essas novas mídias vão ser capazes de dar um quadro melhor do que eles realmente sabem”, diz Greenfield, que tem usado filmes em suas aulas desde a década de 1970. “Ao utilizar mais meios visuais, os estudantes vão processar melhor as informações”, afirma.

No entanto, ela ressalta que a maior parte dos meios visuais são em tempo real, que não oferece chance para reflexão, análise ou imaginação, habilidades que não são desenvolvidas plenamente por meios como a televisão ou videogame. “A tecnologia não é uma panaceia na educação por causa das habilidades que estão se perdendo.”

De acordo com a professora, estudos mostram que a leitura desenvolve imaginação, indução, reflexão e pensamento crítico, assim como vocabulário. “Ler por prazer é a chave para desenvolver essas habilidades. Atualmente, os estudantes têm mais cultura visual do que impressa e muitos não leem por prazer há décadas”, explica. Ela acrescenta que os pais devem encorajar a leitura e também devem ler para os filhos pequenos.

Entre os estudos que Greenfield analisou, houve um trabalho feito em sala de aula mostrando que os alunos que tiveram acesso à internet durante as aulas não processaram o que o professor dizia. O grupo que não teve acesso à internet teve melhor desempenho do que aqueles que tiveram. “Criar acesso à internet durante as aulas não melhora o aprendizado”, destaca.

TELEVISÃO Em outro estudo, a pesquisadora analisou a capacidade de absorver informações de alunos que assistiram ao noticiário da rede de TV americana CNN com e sem a barra de textos que trazem informações sobre outros assuntos ou índices financeiros. O segundo grupo captou melhor as notícias do que o primeiro, sugerindo que múltiplas tarefas dificultam as pessoas de se obter uma compreensão mais profunda das informações. Porém, Greenfield ressalta que há determinadas profissões nas quais esse tipo de atenção é importante, como piloto de avião, motorista de táxi ou mesmo um militar. “Por outro lado, se está querendo resolver um problema complexo, é necessária uma concentração maior.”

E com respeito aos videogames? O pesquisador neozelandês Paul Kearney mediu as habilidades de múltiplas tarefas e descobriu que pessoas que jogaram jogos realistas antes de usar uma simulação militar de computador demonstraram uma melhora significativa na capacidade de desempenhar múltiplas tarefas, em comparação com pessoas que não passaram pela experiência do jogo antes. Na simulação, os jogadores operavam uma arma-console, miravam alvos e reagiam rapidamente aos eventos.

SIMULADOR Pesquisa recente revela que mais de 85% dos videogames contêm violência. E diversos estudos sobre violência nos videogames mostraram que isso pode provocar efeitos negativos, incluindo comportamento agressivo e insensibilização para a violência do mundo real. Mas Greenfield destaca que o uso de simuladores, por exemplo, no caso de testes medicinais, podem ser muito úteis e melhorar a qualidade da performance na hora de cirurgias, por exemplo.

Inteligência visual vem crescendo globalmente nos últimos 50 anos, diz a pesquisadora. Em 1942, a performance visual das pessoas – medida por um teste de inteligência conhecido como Raven's Progressive Matrices – decrescia progressivamente com a idade e diminuía substancialmente entre a idade de 25 a 65 anos. De acordo com a professora, em 1992, já havia uma disparidade muito menos significativa em relação à idade em termos de inteligência visual. “No estudo de 1992, o QI visual permaneceu praticamente estável entre as idades de 25 a 65 anos”, conta.

Greenfield acredita que muito dessa mudança está relacionada com o nosso crescente uso da tecnologia, assim como outros fatores, incluindo incremento no nível de educação formal, melhora na nutrição, famílias menores e maior complexidade social.

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