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sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Errar e perseverar - Jornal O Tempo

Sexta-feira, 25 de Agosto de 2006, 00h01

José Maria Theodoro

O real sentido da palavra exclusão continuará nos escapando, na prática. Refere-se à situação de marginalização de pessoas ou grupos colocados em desvantagem na luta pela sobrevivência, pela vida.
Ainda que se recorra a uma descrição infinda de formas de exclusão ? gênero, opção sexual, raça, aparência física, nível sócio-econômico ?, o significado nos escapa.
Haverá o horário nobre arbitrando o que se pode e não se pode ver, os ?lobos em pele de cordeiro? tentando nos convencer de que lutam pelos humildes, procurando justificar desvios utilizando-se da cláusula de Sêneca, o filósófico ?errar é humano?.
Muitas vezes essa citação vem junto à frase atribuída a São Bernardo: perseverare autem diabolicum, mas perseverar é diabólico.
Sobejam articulações para perpetrar e perpetuar erros, privilégios, pagamento de convocações extraordinárias nos fóruns deliberativos, compra de votos, licitações fraudulentas, gastos exorbitantes com propaganda eleitoral e outras ações que colocam grande parte da população em filas intermináveis do SUS, na busca de emprego, na mendicância.
Das palavras, o significado não se descola. A exclusão não é uma roupa, mas a pele de quem sente e vive no dia-adia. Uma auxiliar de serviços desabafa: ?As pessoas não querem conversar comigo, não me entendem por causa do meu problema de fala?.
O significado da exclusão também remete às crianças, que sofrem com as zombarias de colegas que as chamam de ?quatro olhos? ou ?baleia?, dentre outros adjetivos; e se agrava a cada minuto da vida, com carências de todas as formas se incrustando, sem mais a vergonha apenas sentida, mas perpetuada.
Exclusão é a covardia de não se colocar no lugar do outro. Já a inclusão não é uma questão de solidariedade mas de respeito, não se limitando a um ano nacional ou internacional, data ou discurso. Não é uma frase de efeito. Descrições, muitas vezes, por mais pormenorizadas que sejam, ainda se distanciam do real.
Leio no jornal que a população de rua cresceu em Belo Horizonte. O número de pessoas que vivem nas ruas aumentou 27% em oito anos.
Triste constatação! Ver alguém morar debaixo de um viaduto é diferente de morar debaixo de um viaduto; a segunda situação envolve recém-nascidos e idosos convivendo com ratos, baratas, formigas e infiltrações, passando fome, enfrentando calor ou frio e outras dificuldades que o passante não sente.
Não somos todos iguais nem perante a lei, nem à vida. Há distinções. Já erramos demais! Impossível perseverar no erro.

Professor e especialista em educação especial

4 comentários:

Anônimo disse...

"Ver alguém morar debaixo de um viaduto é diferente de morar debaixo de um viaduto". É bom pensar sobre isso.

Anônimo disse...

Publicado no site do jornalista G. Dimenstein e no Jornal O Tempo.

Anônimo disse...

Como publica no site?

Professor Público disse...

Abra o site www.dimenstein.com.br