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segunda-feira, 3 de julho de 2006

A cagada brasileira é sempre sair à francesa

A cagada brasileira é sempre sair à francesa

O Brasil abandona, mais uma vez, de forma surpreendente, ridícula e vergonhosa, a copa do mundo. Tudo parecia estar a nosso favor: um time de estrelas que, antes da copa, vinha bem, uma equipe e técnico experientes e vencedores. Éramos os favoritos! Começamos mal, nas quartas de final, perdoável, já que vencemos os adversários. Porém, perder de maneira tão estúpida? Sem dar um chute a gol? Isso nos afeta significativamente, enquanto brasileiros. Uma apresentação tão pífia e vergonhosa como foi a da seleção canarinho diante da França, naquela final, em 1998 e agora, nas quartas de final, em 2006, também traz prejuízo para a nação, pois a seleção sintetiza o que temos sido e feito e aponta o caráter do brasileiro quando os interesses da nação estão em jogo.
O que se espera de uma seleção brasileira é que, pelo menos, sua atuação seja convincente, a altura do pentacampeão que somos. A equipe não deve esmorecer nunca. Quando a seleção se abate, somos nós que nos abatemos. Eles têm de ser incansáveis como nós, ainda que, pelas circunstâncias, estejam no pior dos momentos.
Uma seleção nacional não pode dar sinais de que seu objetivo não seja vencer, por mais títulos que o país já tenha alcançado, por maior que seja a fama de seus jogadores. É preciso que ela lute, honre sua flâmula, como fez o, infinitamente inferior, selecionado japonês, nos surpreendendo com aquele gol.
O técnico de uma seleção nacional personifica o seu povo como se fosse o próprio presidente da república. Ele tem de enfrentar, com inteligência e determinação, os seus jogadores, por um lado, e os cartolas, as multinacionais, os clubes estrangeiros, por outro, para manter o foco e o espírito patriótico da equipe. Quem não estiver sintonizado com o sentimento da nação, deve ser cortado, como o Filipão fez com o Romário em 2002. Ele tem de enfrentar todos os interesses econômicos, particulares, as vaidades, etc., para manter a equipe centrada nesse espírito, a fim de que ela, ainda que não vença, reverencie e represente condignamente o seu país. O Brasil, sendo o país do futebol, tem responsabilidade dobrada, pois um povo que não leva a sério seus símbolos, sua imagem, seus valores inerentes, não deve, mesmo, se levar a sério.
Honramos a nossa camisa em 1950, em 1982 e 1986. A seleção canarinho convenceu. Sentimos um profundo orgulho delas, embora não tenham levado o caneco. Definitivamente não foi o que aconteceu em 1998 e agora, em 2006. Por quê?
Simplesmente porque o técnico Parreira cometeu os mesmos erros que o nosso presidente Lula, não agindo a altura da missão a ele confiada pela nação. Em suas declarações, evocou os méritos do seu passado, o que realizou, para se eximir da responsabilidade pelo que aconteceu. Ele não colocou, por exemplo, no banco de reservas, o Ronaldo ?fenômeno?, que simplesmente não estava jogando. Ele deveria ter feito isso, a despeito de todas as pressões. Principalmente, para que a seleção pudesse se recompor, buscar alternativas, encontrar o seu jogo, como foi feito na copa de 1994, quando, ao entrar para a final de mãos dadas, mostraram, a despeito das falhas que o time tinha, a que vieram, e essa seleção seria lembrada só por esse gesto, mesmo que sucumbisse diante da Itália.
Contudo, em 1998 e 2006, não foi assim. É óbvio que nossa seleção ficou refém de um esquema que mantinha o Ronaldo, um ?fenômeno ? já claudicante, aguardando o momento que ele começasse a jogar futebol. Toda a formação foi pensada no sentido de mantê-lo a qualquer custo, de não excluí-lo, seja por pressão da Nike, da Globo, ou porque ele deveria bater mais um recorde, ou porque somos aficionados em tipos carentes, anti-heróis, pé-frios, chatos, desastrados, incompetentes como aquele aluno que não assiste nossas aulas e nem deixa que os outros assistam e, por compaixão, pelo ECA, o ?escambau?, ninguém tem coragem de mandá-lo cuidar da própria vida a despeito de todos os prejuízos causado aos demais colegas. E parece que, de tanto esperar o jogo do Ronaldo, mandar tantas bolas pra ele não fazer gol, que alguns de nossos jogadores começaram até a brincar de ?estátua?, como aconteceu no gol da França.
E não bastasse a burrice de manter ?o gordo?, para limpar a sua barra, fazê-lo sair da copa ?à francesa?, sem ser muito notado, ainda põem a culpa no outro Ronaldo, o magro, um cara responsável que sempre buscava a bola e criava muitas oportunidades de gol. O pobre foi ostensivamente marcado pelos franceses e ficou isolado nesse jogo, talvez graças ao estranho esquema do quadrado mágico ?fuinha? do Parreira.
Esse tipo de apresentação da seleção produz mais uma marca ruim na nossa já desconcertante imagem e reforça a idéia de que somos um povo que não leva a sério o que faz, que continua indo de mal a pior em quesitos básicos como o da educação, por mais que berremos (?sem medo de ser feliz?) ?sou brasileeeeero, com muito orguuuuulho...? como insiste o manguaça do presidente que façamos para levantar o nosso moral, ao invés de dar o exemplo, procurando ler, trabalhar, estudar com afinco e senso de responsabilidade.
O prejuízo que isso nos acarreta, em função do esforço a mais que temos de fazer para superar a imagem já desgastada do brasileiro, aqui e lá fora, a desconfiança em nossas instituições, em nossos representantes e até em nós mesmos, deve ser da ordem de uns bons bilhões de dólares, euros ou reais.
Nessas horas, não podemos perder a oportunidade de pensarmos que não devemos mais ser tão piedosos com os Lulas, os Parreiras e os Ronaldos. Temos que mandar os nossos ?técnicos? e alguns de seus ?jogadores? plantarem jaca no Tibet e exigir que aquele que vier a substituí-los, nossos representantes, enfim, sejam responsabilizados e punidos pelos seus erros e por sua omissão, ao insistir em ficar esperando que outros façam o que eles, enquanto ungidos pela nação, tinham o dever e a responsabilidade de ter feito.

Um comentário:

Professor Público disse...

Gostei do texto! Só não concordo com o lance dos Ronaldos. Creio que não tínhamos uma equipe. Para vencer é necessário que todos sejam um (sem devaneios, tá?), e não essa coisa estranha de cada um por si, para ver quem quebra recordes. Quanto a representação é algo sério como disse o articulista, por isso a mim não me interessa ser representante, nem representada. Já fui representante, "eca"!!! Sou representada sempre por quem nunca escolhi. Eta vida danada, sô.
Eu não estava torcendo pelo "timão", não confiei nele desde o início, mas torço "pela seleção dos sem nada, dos miseráveis e andarilhos", como diz o Zé. Que consigamos algo mais do que alguém medíocre na Presidência da República, quiçá ninguém. Já estou providenciando o meu berro: Abaixo a república!!!
Modesta Trindade Theodoro