O rei está nu. Será que o efeito dominó já terminou?

SÉRGIO NAYA, UM INJUSTIÇADO?

Sinceramente, não consigo entender a atitude do presidente Lula com seus homens de confiança. Sempre afirmou, ao vivo e a cores, em todas as redes de televisão, sua solidariedade para com a equipe dirigente. Isso, claro, ao mesmo tempo que dizia sentir-se traído ? em todas as redes de televisão ? por pessoas em quem confiou, que seu partido estava desmoralizado. Um a um, como num efeito dominó, seus homens de confiança foram caindo:

1. José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado (cassado). Principal estrategista do PT e mentor do ?mensalão?.

2. Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT e organizador da posse de Lula em janeiro de 2003. Despachava regularmente no Palácio do Planalto.

3. Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e um dos coordenadores das campanhas presidenciais de Lula em 1989 e 1998. Quem não se lembra dele chorando, ao vivo e a cores, em todas as redes de televisão, dizendo-se inocente e afirmando desconhecer a prática de caixa dois.

4. José Genoíno, ex-presidente do PT, ex-deputado federal e petista dos mais influentes no Congresso. Assinou os empréstimos do partido junto aos bancos Rural e BMG. O avalista? Marcos Valério! Antes que eu me esqueça, intimamente ligado ao caso da cueca recheada de dólares

5. Luiz Gushiken, ex-ministro da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica. Saiu do governo devido as acusações de ingerência em fundos de pensão. Era conselheiro dos mais próximos, e de primeira hora, do presidente Lula.

6. Duda Mendonça, ex-publicitário do PT e estrategista de marketing da campanha que elegeu o presidente. Chorou copiosamente na CPI dos Correios, confirmou que o pagamento de seus serviços deu-se através de um caixa dois e, não sei o que é pior, o dinheiro foi depositado numa conta do exterior. O agente pagador: Marcos Valério.

Muito bem, o efeito dominó se completa com o afastamento do Ministro da Fazenda Antonio Palocci. Às 20h50min25s do dia 16 de março, quando a conta bancária de Francenildo Costa (o caseiro) foi violada, o ex-ministro decretou sua sentença de morte. Falo do sujeito que se mostrou o mais ético (?!) entre todos os membros da equipe diretiva do governo. Deve ser a ética ?os fins justificam os meios?.

Volto a lembrar das declarações do presidente, ao vivo e a cores, em todas as redes de televisão, sobre a impossibilidade dele em controlar as ações de todos os seus subordinados. Dizia ele que, no instante em que dava uma entrevista (ao Fantástico), alguém poderia, naquele exato momento, estar praticando algum ato ilícito em nome do governo ou do PT e ele não poderia estar ciente disso. Ou seja, que a culpa não seria dele.

Acredito que os leitores deste devem se lembrar daquele deputado, Sergio Naya, dono de uma construtora, cujo mandato foi cassado. Enquanto se divertia em Miami, seus prédios desmoronavam prejudicando centenas de pessoas não apenas financeiramente, mas fisicamente.

Pobre Sergio Naya! Como foi mal assessorado. Talvez ele ainda possa recorrer das sentenças que o condenaram. Ele bem poderia alegar que, enquanto estava em Miami ou em seu gabinete no Congresso, não podia controlar seus engenheiros, o que esses faziam, o que compravam, o que prometiam e o que vendiam. Bastaria que todos os diretores de suas empresas se afastassem, chorassem perante a opinião pública, admitissem que erraram e ele, nosso ?santo? deputado, ainda estaria exercendo sua função parlamentar.

Tenho certeza que o caro leitor não aceitaria ver um Sergio Naya livre, leve e solto a andar pelas ruas das cidades brasileiras. Mas a lógica, se serve para o nosso presidente, deveria servir para o injustiçado Sergio Naya (coitado!). Não posso aceitar essa lógica. Seria admitir que um erro justifica outro.

O rei está nu. Será que o efeito dominó já terminou?