De luto pelos professores, mas em favor da democracia

De luto pelos professores, mas em favor da democracia

O piso salarial de um professor da rede municipal de ensino da maior e mais rica cidade da América Latina, São Paulo, é de R$ 509,00. São 53 mil professores. Os professores estão em greve solicitando que este piso passe para R$ 960,00 (para professores com ensino médio) e de R$ 615,00 para R$ 1.159,00 (para os de formação universitária). A Prefeitura não oferece reajuste salarial, mas promete para julho o pagamento de R$ 350,00 da Gratificação de Desempenho Educacional (GDE). No entanto, negou abrir negociações e quer descontar os dias parados. Essa e a política educacional do PSDB? E a do PT, era muito diferente? Se era, como as coisas estão no pé que estão?

Enquanto professores passam necessidades e o ensino municipal se deteriora, dona Guiomar Namo de Mello, a pedagoga chefe do PSDB, criada pelo marxista Dermeval Saviani da Unicamp, escreve no Estadão sobre "alfabetização". Ela está preocupadíssima com a questão de métodos de alfabetização - a última moda para se fazer tese no momento. USP, UNICAMP e UNESP, com professores que trabalham uma ou duas vezes na semana, ganhando por volta de cinco mil reais para fazer política. Sim, pois esse pessoal ou fica escrevendo dissertações e teses no "estilo Guiomar" ou então ficam nos cafés internos, participando da disputa entre PT e PSDB no âmbito municipal, estadual e nacional.

Então, os professores da rede municipal já sabem: estão cercados por todos os lados de hipócritas e politiqueiros. Eles já não tem mais motivação para nada. Nossas crianças, então, vão de mal a pior. Sim, é isso, meus amigos. É isso que é o retrato do Brasil: professor do ensino básico com 500 reais na mão somente, o que não dá para a cesta básica do mês. Ao lado deles, as elites brincando de fazer política. Nós vamos votar nessa gente? Não deveríamos mais votar. Todos sabem disso.

Nessas próximas eleições, saia de preto, de luto, pelo Brasil. ESte ano será nossa melhor contribuição para a democracia.

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Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo.
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