Atenção Belo Horizonte!!!
As escolas municipais, como já foi denunciado várias vezes aqui neste espaço, continuam mais e mais violentas:
Na segunda-feira, dia 07 de novembro de 2005, a comunidade da EM IMACO, escola mais próxima -geograficamente - do centro do poder municipal, pois fica no coração de BH, cerca de 300 metros da sede do executivo municipal, foi surpreendida: a Polícia Militar apreendeu, em sala de aula, uma pistola automática em poder de um aluno do turno da tarde. Menor e matriculado no ensino médio, ele foi conduzido pelos militares com mais dois colegas, todos algemados.
Na terça-feira, nova surpresa: os alunos estavam de volta, com a cara mais lambida do mundo. Imagine a cara dos estudantes, dos servidores e professores...
No biênio 2004/2005, nas proximidades da EM Marconi, Santo agostinho, dois alunos já foram mortos a tiros; na EM Arthur Versianni, bairro Santo Antônio, um aluno foi alvejado por um tiro de arma de fogo em 2004; na EM IMACO, em 2003, um aluno disparou, por descuido, um revólver calibre 22 dentro da sala de aula. Por sorte acertou somente a parede. Bateu em retirada antes que pudesse ser detido. Nos dias que se seguiram foi defendido no Colegiado pela pretensa liderança -???- estudantil -???- da escola e pela mãe aflita- ??? - que foi a escola contestar a coordenação pela perseguição injusta ao seu querido filho de 22 anos.
Desde o início dos mandatos de direções de escola em 2003, venho fazendo várias provocações à SMED e Gered Centro Sul para que organizemos um fórum interinstitucional de discussões para buscar saídas para a questão da violência nas escolas. Fiz a proposta em várias reuniões de diretores com a Pilar e com a equipe da Gered, inclusive por escrito.
Acreditava, e acredito, que só com o envolvimento efetivo de todos, da Universidade, da Imprensa, das Polícias Militar e Civil, Guarda Municipal, Juizado e Promotoria da Infância e juventude, da OAB, do nosso Sindicato e claro, das comunidades em questão, vislumbraremos uma solução.
Algo parecido com o Programa Fica Vivo. Não o programa feito hoje pelo governo Aécio, com muita conversa, muita publicidade e pouca ação. Mas o Programa no seu início. Na ocasião eu representava a URBEL na gênese do processo no Morro das Pedras. Não foi inventando nada ali. É que cada órgão assumiu a sua competência e apontou honestamente o que poderia ser feito. Fizemos um diagnóstico claro e todos começaram a agir. Hoje já se colhem os resultados. E não são poucos.
Na PBH/SMED acontece o contrário. Esconde-se a realidade, como uma criança que fecha os olhos diante do perigo na pretensão de que não será vista. Combate-se a violência somente com shows rebolados, grafite e hip hop. Nada contra a cultura. Mas é pura enganação usa-la soozinha como forma de combate ao crime. Cultura é expressão da vida humana nas suas mais diversas formas e movimentos e não política de segurança pública. É uma crueldade absurda os adolescentes serem levados a crer nisto. E maldade e oportunismo apregoar tais soluções para os estudantes.
Parece que a PBH quer uma vítima mais. Um professor ou professora, quem sabe...Talvez depois pense em agir.
Como agravante do quadro: existem em algumas escolas certos educadores - SIC - e grupos de alunos - alunos mesmo - que utilizam-se de maneira populista da crise para se perpetuarem no poder. Esta trupe apropria-se e defende a conversa mole dos gestores municipais sobre a inclusão interpretada de maneira míope. Aproveita-se também dos recursos públicos relativamente fáceis de usar, como o PAP e as horas de projeto específico, e fortalecem mandatos de grêmios nada livres e das direções de escolas que têm seu apoio, sua conivência. Os alunos destes clubinhos de amigos vendem os verdadeiros estudantes. Os pretensos educadores alugam apoio em troca de dobras, de mais aulas. Seu silêncio é ensurdecedor. É o mensalão dos pobres. E tudo fica como sempre esteve.... Pimentel e os seus agradecem.
Onde a ira justa? A indignação pura e simples com o mal, com a corrupção?
Convoco todos os homens mulheres de boa vontade da educação pública para juntos denunciarmos tais fatos e anunciarmos a porta de saída para os oportunistas. E gritarmos a novidade que nós estudantes, nós trabalhadores, nós sociedade civil organizada construir: uma escola verdadeiramente inclusiva, nos métodos, na prática, na qualidade e não só no discurso. Fora com a plurocracia burra, rasteira, sem cérebro e seus seguidores!!!
PS: Gostou? Não gostou? Discordou ou assina em baixo? Dê sua opinião. Expresse sua ira ou sua alegria. Não fique só! Estamos lhe escutando.
Prof. Geraldinho
IMACO - noturno.
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quarta-feira, 9 de novembro de 2005
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9 comentários:
COLEGAS, POR UM ERRO DE DIGITAÇÃO, ENGOLI UMA PALAVRA NO PENÚLTIMO PARÁGRAFO DO TEXTO. A PALAVRA É VAMOS. O TEXTO FICARIA ASSIM:
... E gritarmos a novidade que nós estudantes, nós trabalhadores, nós sociedade civil organizada VAMOS construir: uma escola verdadeiramente inclusiva, nos métodos, na prática, na qualidade e não só no discurso. Fora com a plurocracia burra, rasteira, sem cérebro e seus seguidores!!!
UM ABRAÇO. GERALDINHO.
professor, realmente esta realidade é a constante na RME. Alguns colegas, como você procurou mostrar, infelizmente se alimentam do caos instalado. São os reis e rainhas da dobra, dos projetos doados pelas direções em troca de apoio e da bajulação as suas diretoras.
Muitas vezes são os mesmos que vão ao microfone nas assembléias da categoria gritar por democracia e justiça. É muita cara de pau. Conheço pelo menos um diretor de gremio estudantil que vivia pregando democracia e que agora está se perpetuando no cargo as custas de muito babaovismo e omissão. É dureza.
Caro Geraldinho,
Recentemente publicamos em nosso Jornal da Rede um relato rico em detalhes da Profa. Maria D'Ajuda a respeito de violência sofrida por ela, dias atrás, dentro da própria escola onde trabalha. O caso foi tão chocante que consegui, através de alguns contatos na imprensa, que ela pudesse revelar o episódio no MG-TV 1ª Edição. Um grande problema que temos nos órgãos de imprensa(e esse ponto não sou corporativista): "BAD NEWS... GOD NEWS" - isso mesmo, quanto pior a notícia melhor para o noticiário. Nem sei se isso é bom ou ruim. Por um lado mostramos uma realidade que está muito mais próxima do que imaginamos, porém, podemos, inocentemente, divulgar o lado ruim e perverso pelo qual passam as escolas municipais, causando assim um pânico generalizado e concedendo àqueles que se opõem ao ensino público de qualidade, munição para continuar atirando a esmo. É uma pena pois eu ACREDITO na escola pública de qualidade. Sei que isso é possível.
Mas além de mostrarmos esse lado perverso e obscuro acredito que a comunidade escolar tem outros pontos, bem mais positivos e que poderiam ser revelados à sociedade. É claro que temos que mostrar todos os pontos inclusive os negativos. Mas não podemos deixar de descobrir os bons projetos, as boas intensões, a luta dos professores por uma escola pública digna. Sei que todos vcs, trabalhadores em Educação, e nós enquanto membros de uma sociedade democrática podemos fazer muito pela educação.
Forte abraço
Edward Félix - Jornalista - Sind-UTE - Subsede da Rede Municipal de Belo Horizonte.
Félix,
infelizmente ainda não lhe conheço pessoalmente.
Você faz numa boa avaliação da realidade da mídia brasileira. Mas na hora de apontar a solução para a questão da violência, você não propõe nada. Sugere somente mostrar as coisas boas da RME. Acho ótimo, apesar de que quase tudo de bom que existe nas escolas acontece apesar da PBH e dos gestores do momento. E da PBH usar a estratégia que você sugere: a de mostrar o lado bom das coisas. É isto que a mostra plural faz. Ou não?
O que o professor apontou, e eu concordo bastante com ele, é que devemos fazer algo específico para conter a violência das escolas, logo, senão....
Ramon - RME/BH
Félix,
infelizmente ainda não lhe conheço pessoalmente.
Você faz numa boa avaliação da realidade da mídia brasileira. Mas na hora de apontar a solução para a questão da violência, você não propõe nada. Sugere somente mostrar as coisas boas da RME. Acho ótimo, apesar de que quase tudo de bom que existe nas escolas acontece apesar da PBH e dos gestores do momento. E da PBH usar a estratégia que você sugere: a de mostrar o lado bom das coisas. É isto que a mostra plural faz. Ou não?
O que o professor apontou, e eu concordo bastante com ele, é que devemos fazer algo específico para conter a violência das escolas, logo, senão....
Ramon - RME/BH
Caro Prof. Geraldinho,
A história do IMACO não é diferente da história da nossa escola de Venda Nova que por motivos pra não ser vista como uma escola ruin não se faz alarde das coisas que lá se passam: alunos com armas, bombas na hora do recreio, bombas na sala de professores, constantes desafios dos alunos aos professores em uma explícita atitude de embate respaldado pelo ECA. Não entendo: agora mesmo li uma reportagem sobre a China que está contratando os cientistas chineses ou sino-americanos para lecionarem lá, dando-lhes laboratórios equipadíssimos e os melhores alunos. A China quer ser um país de muitas HARVARDs como diz o título da matéria. Aqui quando se fala em premiar o mérito, aquele sujeito que se esforçou, em quem vale a pena investir é tido como exclusão diante da nossa dívida social impagável. Agora, quando se trata de retirada de direitos trabalhistas, previdenciários etc. nos comparam com a Finlândia, a Escócia e outros mais afortunados
e não podemos nos esquecer que ao falar e mostrar "mentirosamente" os nossos salários, comparam-nos com Pernambuco, Bahia e outros. Gostaria que fôssemos comparados com aqueles países em que o professor trabalha somente em uma escola, leciona para 15 alunos e teme descumprir a lei assim como seu aluno menor que poderá receber tratamento como maior de idade dependendo do delito. Mas todos, professor, aluno, todos, cidadãos, têm uma certeza: a de que serão punidos, não interessa se maior ou menor. Aqui, ficamos à mercê de políticas assistencialistas, de uma bondade aparente, do silêncio da sociedade civil e da conivência do Judiciário que não pega um aluno que leva arma para a escola e o enquadra por porte ilegal e o julga como se fosse maior. Em Venda Nova, após o anúncio de um caso de arma na escola pela TV,em várias outras escolas apareceram alunos levando armas. É o constante desafio às leis e a constatação da ininputabilidade sob o manto do ECA. Continuaremos em sala, rezando para a bala se perder ou vamos mais uma vez lutar contra isso? (apesar do desânimo)
Cris Bicalho
onde lê-se motivos, leia motivos outros, onde lê-se ruin leia ruim; onde lê-se pra leia-se para.
Cris Bicalho
Outros equívocos ortográficos, favor desconsiderar. Estou um caco.
Duas semanas depois de ter postado o texto desabafo, um aluno matou o outro no IMACO. A facada de Marcelino, 30 anos, em Michael, 17 anos, assassinou duas vidas e muitas esperanças. No dia seguinte aos fatos, após a exibição das vísceras da escola na mídia, a gerente de educação CS foi a escola apresentar as condolências de Maria do Pilar Lacerda aos professores: estamos com vocês neste momento....
A mensagem demonstrou que Pilar está tão distante da realidade da educação de BH quanto seu quarto de hotel 5 estrelas em Brasília, de onde falou, está distante das vilas e favelas de onde vêem nossos alunos.
Enquantoi isto, a quadra de futebol do Parque Municipal, única para os alunos do IMACO está fechada há cerca de 60 dias para reformas e a quadra de Tênis do Parque - sim, BH tem uma - continua sendo usada por meia dúzia de tenistas. Isto é sensibilidade social!!!
Até a próxima vítima....
Prof. Geraldinho- terceiro turno- IMACO
Horrivel a situação dos professores da PBH - sou Psiquiatra e atendo diversos, a cada dia menos valorizados pela administração pública e pelos alunos violentos.
Estão adoecendo.......muitos já foram agredidos
vejam mais em http://saudementalgerais.blgostpo.com
Marcio Candiani Psiquiatra Infanto Juvenil e de Adultos
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