Jornal O Tempo
Sábado, 14 de Outubro de 2006, 00h01
JOSÉ MARIA THEODORO
A banalização assentou-se e tomou a palavra no dia do professor. O 15 de outubro passou a ser uma data como tantas outras em nosso calendário. Como é possível uma das profissões mais antigas do mundo ser tratada com tanto descaso?
Quem, um dia, não teve um professor? Há os mestres perpetuados nos livros e aqueles, anônimos, que auxiliam e auxiliaram na formação de grandes nomes da história.
Fazem parte de uma outra história que se processa. Torna-se uma luta pela identidade, tanto quanto pela valorização e respeito devidos. Professores e professoras estão vivendo num turbilhão e se defendem como podem. Como ser professor em meio a tanta concorrência (violência, degradação de valores...)?
Eles e elas buscam professar valores éticos, morais, cristãos, a instrumentalização para viver e sobreviver em uma sociedade capitalista da "idade média".
De um lado, a "inclusão digital" para quem, de outro lado, não tem nem mesmo um quadro ? de giz ? de qualidade, e outros recursos para realizar a inclusão humana. É preciso fechar as janelas, há reflexos de luz que impedem as pessoas de ver e ler o necessário.
É preciso fechar as portas, pois o barulho é ensurdecedor. Nada se ouve, incluindo a própria voz. Em se fechando janelas e portas, o mundo fica restrito, a sala isolada, os alunos mudos, querendo ouvir o mundo lá de fora: a gritaria infindável, as brincadeiras e as gargalhadas dos companheiros comprimidos nos pátios, nos corredores e em outras salas. O que fazer perante o paradoxo do fechar e do abrir?
A liberdade é necessária também quando se é educador. Como garantir o direito de estudantes que ainda gostam de ir à escola, e atrair os que desejam estar fora? Os cacos das garrafas se quebram nas mãos dos mestres, e mesmo que dentro delas haja o mapa para a resolução dos problemas, a eles cabem as ações.
Mesmo que os dedos sangrem, a mente não pára. Que método? Que didática? Que estratégias? E a vida de alguns se esvai. Em outros, as doenças aparecem não se sabe de onde, os cabelos se tornam brancos antes do tempo. Professores conseguem prosseguir na luta.
Dedos, roupas sujas de cal. Podemos nos assustar repentinamente com um intenso brilho no olhar, canetas caindo, quando nos debruçamos na janela, e educadores ali, planejando. Armários, portas e janelas abertas. ? Ei, "fessor"! Lembra-se de mim?
Professor, especialista em educação especial
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sábado, 14 de outubro de 2006
Ei, "fessor"! Lembra-se de mim?
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Um comentário:
Obrigado, professores!
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