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quarta-feira, 4 de abril de 2007

Raptaram a Princesinha da Pampulha!!!

Raptaram a Princesinha da Pampulha!!!

Quem não conhece a Princesinha da Pampulha que fica em frente ao Mineirão e ao CEU (Centro Esportivo Universitário) ?

Pois é, faz mais de 25 anos que ela está ali. Um antigo caminhão com os pneus furados, que, além de ser parte da história de todos nós, freqüentadores e turistas da região, sempre matou a nossa sede, nos servindo um delicioso caldo de cana e uma água de coco fresquinha, entre outras coisas, com a maior presteza, bom humor e honestidade que só o Paulinho, pessoa trabalhadora, pode oferecer. É graças a ele, que a fama desse ponto se mantém, um velho conhecido dos freqüentadores da região. Com ele ali, nos sentimos mais seguros, pois ele observa tudo que acontece no entorno e dificilmente há roubos ou assaltos, quando o Princesinha está aberto, mesmo quando os flanelinhas não aparecem. Paulinho é uma pessoa que também se incorporou à história da região da Pampulha, como Dona Filomena (a flanelinha de uns 90 anos) e a Dona Clorina (que vende frutas em frente ao CEU!). Seu caminhãozinho é parte desse cartão postal. Além disso, ele é um anfitrião que faz questão de conhecer seus fregueses e quando chegamos, vai logo nos servindo, antecipando o gosto particular de cada um.

E aí, um belo dia, tudo isso acaba, sem mais nem menos. Só porque um fiscal da Prefeitura resolveu que ele não podia mais trabalhar ali. Foi na última quinta-feira, dia 29 de março de 2007, quando ocorria um festival de confusão e roubos no Mineirão, na noite de mais um dos tantos eventos que ali acontecem.

Os ladrões, se foram presos, já devem estar soltos, assaltando livremente. Já o nosso amigo Paulinho, vai fazer o quê? Roubar? Certamente que não! Sem esse "point", a Pampulha ficará mais triste, um mero lugar cada vez mais cheio de frios monumentos históricos, de história morta, pois a história viva da região vai, aos poucos, cedendo lugar a amplos espaços vazios, perigosos de transitar, impessoais, desertificados, meras fotos de cartões postais ou de trágicos momentos da imprensa marrom. A Pampulha perdeu mais um que cuida realmente dela, que é parte da sua verdadeira alma e essência, como um Jucelino ou um Oscar, também, foi um dia.

Perdeu parte de seu charme, aquele velho caminhãozinho de pneus furados, a Princesinha da Pampulha, palavra remanescente de uma cultura em extinção que enfeita os pára-choques de caminhão. Esse caminhão desafia as obras e espaços monumentais dali - a lagoa, o Mineirão, lembrando que eles foram feitos para o deleite diário do cidadão que vive perto ou transita por ali, seja o catador de latinha, o flanelinha, o torcedor, o trabalhador, a Dona Clorina ou o velho presidente da república, não só para ficarem eternizados, inertes, estupidificados por insensíveis gestores que não sabem o valor da memória das pessoas comuns que, com seu trabalho honesto, fazem, preservam e guardam a verdadeira história do lugar e sabem o valor que ela tem.

A Princesinha da Pampulha é símbolo disso, cristalizado na forma de uma fábula ou uma lenda, de um Ulisses contra o Ciclope, que nós, cidadãos dessa cidade, podemos reescrever. É a história de um popular amigo, decente, honesto e trabalhador contra os desmandos, a insensibilidade de um imenso poder distorcido que já deixou, faz muito tempo, de ser público e agora só serve aos interesses de poucos particulares, arrogantes e usurpadores!

Precisamos reverter isso! Devolvam a nossa dignidade, devolvam a nossa Princesinha!!!

Woodson Fiorini de Carvalho